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Comecei
a jogar federado desde os 8 anos e quando praticas uma modalidade tens sempre o
desejo de melhorar o máximo possível, pelo menos comigo era assim, todos os
treinos dava o máximo de mim desde essa idade, visto que não era muito bom
tecnicamente, restava-me a força, a garra, a vontade de ser melhor, a vontade
de vencer, dava tudo de mim nem que fossem apenas 5 minutos, mas esses 5
minutos tinham que valer a pena. Ao longo dos anos estava a começar a colher os
frutos, encontrava-me em excelente forma, principalmente a partir do escalão de
iniciados. Nessa altura só pensava em futebol e ansiava sempre pelo jogo
seguinte, e tinha a enorme vontade de mostrar o que valia, e os meus pais
sempre me diziam para não esquecer os estudos, e felizmente os ouvi.
Com 16
anos chego aos Juvenis e com muito esforço lá ia jogando na equipa principal,
até que uma semana não pude ir ao jogo, e no jogo seguinte iniciei-o no banco.
Ansioso aguardei a ordem do treinador para aquecer e no inicio da segunda parte
foi o que aconteceu, e a meio da mesma fui chamado a entrar, enquanto o jogo
decorria sentia-me cada vez melhor, até que, no fim de lance em que tentava
impedir que a bola saísse, tentei voltar para a minha posição dentro de campo,
mas na rotação do meu corpo, o meu pé ficou preso na terra e o meu joelho não aguentou,
eu e alguns companheiros meus ouvimos um estalar a sair de dentro dele, e como
se um fecho se abrisse dentro do meu joelho, bem como falta de estabilidade,
soube de imediato que não era coisa boa, mesmo assim tentei voltar ao jogo e
num lance em que tento fazer um sprint a perna falhou-me como se me faltassem
as forças, fui obrigado a sair com ajuda de um companheiro fui para o
balneário, o joelho cada vez estava mais inchado. Ao fim de algum tempo fui pelo
seguro fazer exames, o médico mandou me fazer uma ressonância magnética, e
quando o resultado saiu fui chamado para saber o que se passava, só pedia que
não fosse o que eu pensava, mas infelizmente o que eu temia aconteceu, tinha
tido uma rotura do ligamento cruzado anterior e o meu menisco do joelho direito
também tinha sido afetado, fiquei de rastos 8 anos de esforço num desporto que
amo tinham ido por agua a baixo. Passado uns tempos só queria ser operado, pois
só pensava quanto mais rápido o fizesse mais rápido poderia voltar a jogar,
passado cerca de 1 ou 2 meses fui operado, correu tudo bem, mas não estava
habituado a estar naquela situação, só podia mexer os braços e a perna que
estava boa pois estava a ser medicado pela coluna por um cateter, e por isso
aquelas 2 noites no hospital foram horríveis só consegui dormir cerca de 6
horas no total, apesar de ter sido muito bem tratado. Só estava previsto ter
alta ao quarto dia, mas no terceiro dia com ajuda pus me pela primeira vez a pé
e sentaram me num cadeirão, é então que chega o médico e me pergunta se queria
ir embora, e como é obvio respondi que sim e então voltei para casa. Passado poucos
dias tirei os agrafos e fazia fisioterapia que a cada melhoria que via mais
vontade tinha em continuar, sempre com o objetivo de voltar a jogar. Depois de
8 meses de muito sacrifício, esforço, voltei a treinar e a jogar, era juvenil
de segundo ano.
Com 18
anos e já nos juniores tentava integrar a equipa principal, não estava fácil,
mas continuava a trabalhar com o mesmo empenho do primeiro dia. Na segunda
volta do campeonato chega finalmente a minha oportunidade, iria iniciar o jogo
na equipa principal. Fomos então aquecer e como estava muito calor eu comentei
se não iam regar o sintético que se encontrava muito quente e seco, sendo muito
perigoso á prática de futebol. Iniciou-se o jogo e o campo não fora regado,
decorridos cerca de 10 ou 15 minutos de jogo, enquanto aliviava uma bola, no
momento em que a ponta da chuteira deixa de estar em contacto com o chão, ouvi
mais uma vez aquele estalar horrível, nem queria acreditar mais uma vez todo o
sacrifício e esforço foram em vão, nesse momento agarrei-me ao joelho esquerdo
a gritar, nem precisava de exames pois já sabia o que se tinha passado, mais
uma rotura do ligamento cruzado anterior
mas desta vez no outro joelho. Voltei a fazer a ressonância magnética que
confirmou o que eu temia. É horrível no simples caminhar a nossa perna nos
falhar, não conseguires correr, não conseguires fazer coisas tão simples e que
pertenciam ao teu dia-a-dia desde que te lembras. Desta vez sentia-me de rastos
e motivação que tinha da primeira vez já não existia, não pensava em voltar a
jogar, as noites eram horríveis principalmente depois da operação, em que
olhava para a minha fotografia a jogar futebol e pensava, e agora que vou
fazer? A minha vida toda tinha o futebol e naquele jogo tiraram-me a coisa que mais
adorava fazer, estava de rastos. Alguns meses depois, salvo erro, em novembro
fui operado, não correu tão bem como da primeira vez, mas ia recuperar, fiquei
2 noites também no hospital, recordo-me de tal como da primeira vez nas duas
noites juntas só ter conseguido dormir cerca de 6 horas. Comecei a fazer
fisioterapia muito tarde porque a ferida não queria cicatrizar, e como tal a fisioterapia
custou-me imenso, lembro-me de uma sessão que fiz que me estava a doer tanto a
perna a fazer fisioterapia, que eu gritava muito mesmo, quando sai doía-me
tanto a cabeça, que tive que tomar um comprimido.
É
nestes momentos que vemos quem realmente se importa, quem são nossos amigos, e
quem não quer saber de nós, é nestes momentos que nos tornamos mais fortes, que
mais aprendemos e mais amadurecemos.
Com
esta operação só voltei á escola em janeiro perdendo assim muitas aulas de
Matemática, que era a única disciplina que faltava para concluir o 12ºano, pois
as restantes já tinham sido feitas no ano letivo anterior, mas como tinha sido
operado no 10º ano as minhas notas baixaram um pouco, e no 12ºano quando me
lesionei acabei por deixar Matemática por fazer. No exame finalmente consegui
fazer Matemática e concluir o 12ºano.
Depois
de 1 ano sem saber bem o que fazer, e muito grato aos meus pais por terem
insistido para que eu estudasse, pedi-lhes se poderia ir para a Universidade, e
eles responderam que podia, foi aí que ingressei na Universidade de
Trás-os-Montes e Alto Douro no curso de Ciências do Desporto, com o desejo de
poder trabalhar na área do futebol, e quem sabe, quando acabar o curso tentar
jogar pelo menos mais um ano.
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