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Uma pergunta se põe, em que pode ser questionável a
objetividade da mesma. Vou então explicar o porquê de querer lançar esta
pergunta…
Nos dias de hoje, as crianças nascem já com um telemóvel nas
mãos e as suas brincadeiras resumem-se a joguinhos virtuais em que o movimento
mais complexo que têm de fazer é mexer o dedo polegar para cima e para baixo.
Já não existe aquele espírito universal do jogo de Champions, no estádio “Rua
de Paralelo” em que o retângulo de jogo tinha 7mx30m, uma baliza (em que um dos
postes era um poste de eletricidade e o outro era a continuação de um muro). E
era neste contexto que eram desenvolvidas, inconscientemente, capacidades
técnicas e físicas para esta modalidade, com todas as variantes e
condicionantes que o estádio “Rua de Paralelo” impunha. Se os miúdos desta
geração já têm algum gosto pela modalidade, o bichinho da bola iria ser muito
maior se tivessem neles essas vivências mais inerentes nos seus “momentos de brincadeira”.
Lembro-me perfeitamente de em miúdo quando ia para um
aniversário em casa de alguém, as minhas preocupações serem arranjar maneira de
levar um calçado para poder jogar à bola e esperar que a minha mãe não me
quisesse fazer calçar um sapato mais recente ou sandália para ir bonito e não
poder “brincar” à vontade. Começava logo a imaginar… “Ora bem, na casa do
Joninhas, o campo pode ser naquele espacinho perto do baloiço em que tem a
palmeira e a relva, que LUXO”! Era incrível, passávamos a tarde a jogar e só se
parava para lanchar e cantar os parabéns. Em casa da minha avó, quantos não
foram os sermões que eu e os meus primos ouvimos porque partíamos o caixote do
lixo com aquele “remate colocado”. Quantas vezes improvisávamos e criávamos
brincadeiras como quem criava novos exercícios para melhorar em certos aspetos
do nosso desempenho. Sempre tive o bicho pelo futebol, fruto da minha infância
e das “nossas” brincadeiras.
As novas tecnologias são muito importantes e convém as
gerações futuras também serem boas nessas áreas. Mas o grande problema, é que a
maioria não as usa no sentido mais correto. As novas tecnologias neste momento,
em vez de serem usadas no âmbito da descoberta e da exploração das mesmas, são
usadas maioritariamente para passar o tempo livre nos joguinhos, sem se poder
contar com o chamado “convívio” e exploração de algo que seja útil fisicamente,
tecnicamente ou cognitivamente.
Lá na minha terra, em Freamunde, existe um bairro chamado de
“Bairro do Outeiro”. No centro deste bairro, existe um ringue de futebol com
piso em cimento que sempre contou com a presença e alegria dos mais novos.
Quantas finais de Champions já foram feitas naquele ringue… E a verdade é que
aquele bairro, para o pessoal de Freamunde, começou a ganhar a fama de “mini
academia de talentos”. Era impressionante a forma como jogavam e muitos deles
ainda jogam… E não tenham dúvidas que muito lhes deu aquele ringue! Alegria,
companheirismo e aquisição de capacidades. É o verdadeiro futebol de rua. E que
importante ele é para a “formação de um atleta” e como ele faz falta nos dias
de hoje. Não precisamos de pensar muito, mas quantos exemplos temos de grandes
jogadores de futebol que vieram desses “ringues” ou estádios “Rua de Paralelo”! Por algum motivo é…
Que voltem as brincadeiras de outros tempos… O futebol
agradece!
Texto de Nautilio Ribeiro.
Texto de Nautilio Ribeiro.
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